Quando falamos em Retificação de Área ou Usucapião, existe um fator muitas vezes negligenciado, mas que pode transformar um processo simples em um verdadeiro impasse judicial: a forma como se conduz o diálogo com os confrontantes.
Muitos acreditam, de maneira equivocada, que basta enviar uma notificação ou simplesmente entregar a planta para colher a anuência. No entanto, a realidade é bem diferente. O que realmente trava diversos processos, não é a técnica em si, mas sim a comunicação estabelecida entre as partes.
Esse ponto é crucial porque o confrontante, na prática, tem o poder de acelerar ou paralisar a regularização imobiliária. Grande parte dos impasses não surge por uma oposição efetiva ao processo, mas sim por ruídos na comunicação, falta de clareza, insegurança ou até simples desconhecimento.
Além disso, é importante destacar que a maioria dos vizinhos não compreende termos técnicos como “retificação de área”, “Lei de Registros Públicos” ou “especialidade objetiva”. Diante de uma linguagem inacessível ou de uma abordagem fria, a reação natural costuma ser a desconfiança ou até mesmo a negativa.
Na minha experiência profissional, já atuei em inúmeros casos em que os vizinhos não possuíam um bom relacionamento. E, em muitos desses cenários, a resistência não tinha base técnica, mas sim fundamentos emocionais ou relacionais.
É justamente nesse ponto que muitos profissionais cometem erros: insistem na linguagem técnica ou partem diretamente para o cartório, sem sequer tentar ouvir o confrontante.
A estratégia que utilizo nesses casos é a abordagem preventiva, baseada em escuta ativa, empatia e clareza. Em todos os processos em que atuo, procuro conversar com o confrontante antes mesmo da notificação formal.
Nessa conversa, explico detalhadamente o motivo da regularização e me coloco à disposição para apresentar a planta e o memorial descritivo. Quando há abertura para o diálogo, o nível de colaboração muda completamente.
Mesmo que o confrontante não assine de imediato, ele ao menos compreenderá o contexto no momento em que receber a notificação formal. Assim, o que poderia virar uma impugnação, transforma-se apenas em mais uma etapa do processo.
É importante compreender que ser assertivo não significa ser duro. Na verdade, trata-se de unir clareza técnica com linguagem acessível.
Ser assertivo é:
Traduzir o jurídico para o cotidiano;
Equilibrar respeito com objetividade;
Construir confiança antes de solicitar a anuência.
Aqui estão algumas práticas que aplico sistematicamente nos meus processos:
Apresentar o motivo da regularização com fundamentos claros;
Explicar, de forma transparente, que a regularização não trará impactos negativos ao imóvel do confrontante;
Evitar o uso de termos técnicos desnecessários;
Ouvir as dúvidas com paciência e responder com empatia.
Dessa maneira, profissionais e empresas que dominam essa habilidade conseguem evitar devolutivas, acelerar a regularização e ainda preservar a relação entre vizinhos — um patrimônio invisível, mas essencial dentro do contexto imobiliário.
Você tem enfrentado resistência de confrontantes ou dificuldade em obter anuências? Talvez o problema não esteja na planta ou no memorial descritivo, mas sim na forma como as informações estão sendo apresentadas.
Conduzir o processo com a técnica correta, somada ao cuidado que a situação exige, pode ser o diferencial entre um processo travado e uma regularização concluída com êxito.
Você já passou por dificuldades na comunicação com confrontantes em processos de Retificação de Área ou Usucapião? Como conseguiu superar essas barreiras de diálogo e transformar resistência em colaboração? Vamos abrir esse debate e compartilhar estratégias mais eficazes para conduzir esses processos de maneira técnica, mas também humana.
Priscila Liberato
Engenheira Civil | Retificação de Área
Tags: Retificação De Área | Usucapião | Confrontantes | Regularização Imobiliária | Comunicação Assertiva
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